postheadericon CRER É TAMBÉM VIVER


Por: Ricardo Barbosa de Sousa (pastor da Igreja Presbiteriana do Planalto e coordenador do Centro Cristão de Estudos, em Brasília. É autor de Janelas para a Vida e O Caminho do Coração).

Talvez a maior crise do cristianismo ocidental contemporâneo seja a crise da integridade, a incapacidade de integrar aquilo que cremos com a realidade e a forma como vivemos. Parece que existe entre nós uma falsa premissa de que, se temos uma boa música, temos uma boa adoração; se temos uma boa doutrina, temos uma boa espiritualidade; se temos um bom programa eclesiástico, temos uma missão, e por aí vai. Porém, uma coisa não implica necessariamente a outra.

Essa presunção tem nos levado a criar uma brutal distância entre o que afirmamos crer e a integração de nossas crenças à realidade; conscientemente ou não, temos dado à mera aparência, uma forma de realidade. Muitos pensam que ser cristão é ter a doutrina certa, cantar as boas e animadas músicas nos cultos, de preferência com os olhos fechados e as mãos levantadas, e ter algum grau de compromisso e envolvimento com as atividades da igreja. Embora nada disso seja necessariamente errado, o chamado de Cristo é para que sejamos seus discípulos, seus seguidores, ou, como o apóstolo Paulo prefere, seus imitadores. E não é isso que acontece entre nós. Somos crentes, cremos nas doutrinas certas, cantamos nos cultos, participamos dos programas da igreja, mas não somos imitadores de Cristo. É raro encontrar entre nós, verdadeiros discípulos de Cristo, que seguem seu caminho e são comprometidos em fazer outros seguidores de Cristo.

Se cremos que a Bíblia é a Palavra de Deus, deveríamos deixar que ela, além de revelar as doutrinas certas, molde nossa cosmovisão, a forma como vemos e interpretamos a realidade. Mas não é isso que acontece. Não tem sido a Bíblia, mas a mídia e a cultura em geral que têm moldado nossa leitura da realidade. Se cremos que Jesus é o Filho de Deus encarnado, nossa humanidade deveria refletir a verdadeira humanidade de Cristo, com sua compaixão, misericórdia, bondade e amor. Mas também, não é isso que vemos entre nós. Se somos verdadeiros adoradores, deveríamos, além de cantar inspirados no domingo, também viver para agradar a Cristo e em obediência a Ele durante toda a semana. Mas nem sempre é isso que acontece. Se cremos na ressurreição e na vida eterna, certamente seríamos menos materialistas e consumistas, menos apegados às coisas deste mundo, ansiando mais o reino de Deus do que o sucesso e a estabilidade neste mundo. Mas não é isso que vemos. Existe uma forte discrepância entre o que afirmamos crer e a forma como vivemos; não há uma integridade entre o conteúdo e a forma, entre a fé e a realidade.

Precisamos voltar a considerar o chamado de Cristo para segui-lo. É claro que crer nas doutrinas certas é fundamental, mas, é igualmente fundamental, que elas sejam integradas à realidade de nossas vidas e igrejas. Certa vez, Jesus advertiu seus discípulos dizendo: "Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus". Minha impressão é que alguns conhecem as Escrituras, mas não conhecem o poder de Deus; e outros conhecem o poder de Deus, mas não conhecem as Escrituras. Conhecer as Escrituras e o poder de Deus é integrar as verdades bíblicas e a vida, de forma que o testemunho de Cristo seja poderosamente afirmado nos atos de misericórdia, compaixão, serviço e proclamação.

Precisamos buscar uma espiritualidade que encontre nos evangelhos, na pessoa de Cristo e na presença do reino de Deus sua forma e seu conteúdo. O convite corajoso e sincero de Paulo — "Sede meus imitadores como eu sou de Cristo" — é um testemunho poderoso de uma vida e ministério integrados com a vida e o ministério de Cristo. Para Paulo, precisamos da sã doutrina para nos tornar sábios para a salvação, e não para, simplesmente, ter o discurso correto. Nosso chamado é para sermos seguidores, imitadores de Cristo, e não apenas ter convicções corretas sobre Ele. O descrédito, que o cristianismo vem sofrendo nos últimos anos, tem a ver com a falta de integridade no meio cristão, com a necessidade de uma espiritualidade evangélica, encarnada, vivida no poder do Espírito Santo, que revele, nas palavras e nos atos, o testemunho de Cristo.

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